O livro de José António Saraiva, Eu e os políticos

Este livro de José António Saraiva traz à luz do dia um conjunto de episódios polémicos, vividos na primeira pessoa, com diversos políticos e personalidades que ocupam as páginas da história recente do nosso país

Eu e os Políticos - José António Saraiva

Alberto João Jardim, Álvaro Cunhal, Ângelo Correia, Aníbal Cavaco Silva, António Costa, António Guterres, António Horta-Osório, António Ramalho Eanes, Daniel Proença de Carvalho, Diogo Freitas do Amaral, Domingos Duarte Lima, Ernâni Lopes, Fernando Nogueira, Francisco Pinto Balsemão, Hélder Bataglia, Henrique Medina Carreira, João Soares, Jorge Braga de Macedo, Jorge Jardim Gonçalves, Jorge Sampaio, José Luís Arnaut, José Manuel Durão Barroso, José Pacheco Pereira, José Sócrates, Leonor Beleza, Luís Filipe Menezes, Luís Marques Mendes, Luís Valente de Oliveira, Manuela Ferreira Leite, Manuel Dias Loureiro, Manuel Maria Carrilho, Manuel Monteiro, Marcelo Rebelo de Sousa, Margarida Marante, Mário Soares, Miguel Portas, Nuno Morais Sarmento, Paulo Portas, Pedro Passos Coelho, Pedro Santana Lopes, Rui Machete, Vítor Constâncio (e que lista).

Eu e os Políticos – José António Saraiva

Apresentação

«O melhor do jornalismo é aquilo que não se pode escrever», disse‑me a jornalista Ângela Silva quando lhe confidenciei que estava a escrever este livro. Por que o terá dito? Porque os jornalistas ouvem muita coisa, vêem muita coisa, falam com muita gente, mas não podem escrever tudo o que vêem e ouvem. Mesmo quando tal não lhes é explicitamente pedido, há regras a cumprir e afirmações que se subentende não se destinarem a publicação. E quando um jornalista não cumpre as regras, perde a confiança daqueles com quem se relaciona.

Ao longo de mais de 40 anos como comentador e jornalista  23 dos quais como director do Expresso e nove como director do Sol, conheci pessoalmente quase todos os políticos de primeira linha, com uma excepção: Francisco Sá Carneiro. De resto, mantive conversas privadas com todos os Presidentes da República eleitos desde o 25 de Abril e com todos os primeiros-ministros dos Governos constitucionais, exceptuando António Costa (que só conheci em criança).

Com quase todos almocei ou jantei, sabendo-se que as conversas se soltam à mesa, onde as pessoas são mais abertas. Entrevistei muitos deles várias vezes, para a televisão ou para a imprensa. Com alguns mantive longas conversas e frequentes contactos telefónicos.
Mas nestas relações nunca confundi os planos. Mesmo quando me faziam confidências de natureza pessoal, eles sabiam que estavam a falar com um jornalista.

Um jornalista em quem depositavam confiança, mas um jornalista. E essa distinção é importante, pois é ela que permite um livro deste tipo  que seria impensável se as relações tivessem passado do plano profissional para o plano, necessariamente mais íntimo, da amizade. A única pessoa que me fez confidências a este título terá sido Margarida Marante, e isso está claramente referido no texto respectivo.

No momento em que deixo profissionalmente o jornalismo embora não a colaboração na imprensa sinto ser o momento de divulgar aquilo que não pude (ou não quis) escrever até hoje.

Inconfidências que me foram feitas e que entendi não dever revelar na altura, algumas com mais de 20 anos. Assim, quase todo o material deste livro é inédito, excepção feita a um ou outro episódio solto publicado nos livros Confissões de um Director de Jornal e Confissões.

Para reconstituir as conversas e os episódios aqui descritos recorri à memória mas também às páginas de um diário que escrevi em certos períodos da vida. Nestes casos, o texto é impresso em itálico.

Há quem procure ver neste tipo de livros memorialistas oportunidades para vinganças ou ajustes de contas. Pelo meu lado, nunca o fiz, não o faço e não o farei. O objectivo deste livro é deixar contribuições para a História e, se não o fizesse com verdade, mais tarde ou mais cedo assaltar-me-iam os remorsos. A vingança, como o crime, nunca compensa.

O leitor pode, pois, confiar naquilo que vai ler. Se houver incorrecções ou inexactidões, foram absolutamente involuntárias: foi a memória que me atraiçoou. Mas mesmo isso, a acontecer, será raro e pouco relevante.

J. A. S.
Junho de 2016

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